Ossãe
É
fundamental sua importância, porque detém o reino e poder das plantas e folhas,
imprescindíveis nos rituais e obrigações de cabeça e assentamento de todos os
Orixás através dos banhos feitos de ervas. Como as folhas estão relacionadas
com a cura, Ossãe também está vinculado à medicina, por guardar escondida na
sua floresta a magia da cura para todas as doenças dos homens, contida nas
virtudes de todas as folhas. A cura é invocada no caso de doença, com o auxílio
de Obaluaiê.
Divindade
Masculina, do ar livre, que governa toda a floresta, juntamente com Oxossi,
dono do mistério das folhas e seu emprego medicinal ou sua utilização mágica.
Dono do axé (força , poder , fundamento , vitalidade e segurança ) existentes
nas folhas e nas ervas , ele não se aventura nos locais onde o
homem
cultivou a terra e construiu casas , evitando os lugares onde a mão do homem
poluiu a natureza com o seu domínio .
É
bastante cultuado no Brasil, sendo conhecido por diversos nomes, Ossonhe, Ossãe
e Ossanha, a forma mais popular. Por causa do som final da palavra, é
freqüentemente confundido com uma figura feminina.
É
o Orixá da cor verde, do contato mais íntimo e misterioso com a natureza. Seu
domínio estende-se ao reino vegetal, às plantas, mais especificamente às folhas,
onde corre o sumo. Por tradição, não são consideradas adequadas pelo Candomblé
mais conservador, as folhas cultivadas em jardins ou estufas, mas as das
plantas selvagens, que crescem livremente sem a intervenção do homem. Não é um
Orixá da civilização no sentido do desenvolvimento da agricultura, sendo como
Oxossi, uma figura que encontra suas origens na pré-história.
As
áreas consagradas a Ossãe nos grandes Candomblés, não são jardins cultivados de
maneira tradicional, mas sim os pequenos recantos, onde só os sacerdotes (mão
de ofá) podem entrar, nos quais as plantas crescem da maneira mais selvagem
possível. Graças a esse domínio, Ossãe é figura de extrema significação, pois
praticamente todos os rituais importantes utilizam, de uma maneira ou de outra,
o sangue escuro que vem dos vegetais, seja em forma de folhas ou infusões para
uso externo ou de bebida ritualística.
Quando
os Zeladores(as) de Santo, penetram no reino de Ossãe para fazerem as colheitas
das ervas sagradas para os banhos e defumações, devem antes pedir a Ossãe
permissão para tal tarefa, pois se não o fizerem, com certeza todas as folhas
que retirarem de seu Reino, não terão os Axés e Magias que teriam se pedissem a
sua permissão, e até dependendo do caso como alguns entram em seu Reino
zombando e sem firmeza de cabeça, suas ervas poderão agir ao contrario,
causando muitos distúrbios naqueles que zombarem de seu Reino e faltarem com o
devido respeito ao seu domínio. Junto á planta cortada, deixa-se sempre a
oferenda de algumas moedinhas e um pedaço de fumo-de-corda com mel, assim
assegurando que a vibração básica da folha permaneça, mesmo depois de ela ter
sido afastada da planta e, portanto do solo que a vitalizava.
As
folhas e ervas de Ossãe, depois de colhidas são esfregadas, espremidas e
trituradas com as mãos, e não com pilão ou outro instrumento. Cumpre quebrá-las
vivas entre os dedos.
Seja
filho de Oxalá ou de Nanã, ou de qualquer outro Orixá, uma pessoa sempre tem de
invocar a participação de Ossãe ao utilizar uma planta para fins ritualísticos,
pois, a capacidade de retirar delas sua força energética básica, continua sendo
segredo de Ossãe. Por isso não basta possuir a planta exigida como ingrediente
de um prato a ser oferecido ao Orixá, ou de qualquer outra forma de trabalho mágico.
A
Colheita das folhas já é completamente ritualizada, não se admitindo uma folha
colhida de maneira aleatória. Para que um iniciado possa recolher as ervas
necessárias ao culto a ser realizado, deve-se abster de qualquer bebida
alcoólica e de relações sexuais na noite que precede a colheita. As folhas
devem ser colhidas na floresta virgem, sempre que possível. Antes de penetrar
na mata, o iniciado deve pedir licença a Oxossi e a Ossãe, para isso acender
vela na entrada, com o cuidado de limpar a área onde ficarão as velas.
Toda
vez que queimamos uma floresta, desmatamos, cortamos árvores, ou simplesmente
arrancamos folhas desnecessariamente, estamos violando a natureza, ofendendo
seriamente essa força natural que denominamos Ossãe.
E
é por este motivo que devemos respeitar nossas florestas, bosques, matas, enfim
todo espaço em que tenha uma planta, mesmo sabendo que Ossãe habita as
florestas e matas fechadas mas toda planta leva em sua essência o Axé deste
Orixá da cura.
Ossãe
tem uma aura de mistério em torno de si e a sua especialidade, apesar de muito
importante, não faz parte das atividades cotidianas, constituindo-se mais numa
técnica, um ramo do conhecimento que é empregado quando necessário o uso
ritualístico das plantas para qualquer cerimônia litúrgica, como forma
condutora da busca do equilíbrio energético, de contato do homem com a
divindade.
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